Ser Nordestino!

Foi uma noite de festas, boa cerveja e boa comida; festa da empresa. Tanto se falou nos últimos tempos de alguns engraçadinhos que ignoram o que é o Brasil, sua cultura, os que ignoram, os ignorantes em si e em outros, que desconhecem e nem sabem que umbigo é questão de analogia. Discriminam a nós, por serem ignóbeis a fanfarrear pelos trihos paralelos, e discordam ao ouvir que eles nunca se juntam, por enxergar ao longe os mesmos se encontrando a olhos vistos. “Viu, paralelas se encontram, seu idiota!”. Ignoram perspectiva.

Pois bem, festa animada, todos indo embora, mas esquecemos, eu e um amigo, que estávamos em Alphaville, dito reduto rico do subúrbio paulistano, os arredores, Barueri, enfim. Táxi nesse lugar, quanto mais as 23h30 é raridade, mas, que faz tu aqui pobretão que nem carro tem?! (ok, desculpe “invadir” seu território!). Chuva, bastante chuva, e invariavelmente o prazer passa ao desgosto com uma facilidade incrível. Ora, culpa minha. Bem, só falta agora ligar para meu irmão em Itapecirica pra me levar até o Hotel. Bom, quem já rodou 21 países nada de assombro, e, essas intempéries passa por diversão, como a foi.

Tentamos várias vezes conseguir um “táxi executivo”, mas em vão… ahh! Mas, nada de ficar enraivecido e pedimos mais um chopp e, aproveitamos o garçom faceiro  e bom de papo e perguntamos como conseguir um táxi. E ele fez de tudo, em vão. Já peguntava a distância, pensava no frio, na chuva, pensava no resfriado.

E eis que o sotaque nordestino é uma alma, uma cicatriz no peito, uma honra por não se negar, uma distinção, um orgulho. Era o sotaque do garçom. Pronto, pensei, esse garçom vai nos “salvar”, mas não sabia como seria o tal salvamento.

Simples. Ele falou que outro garçom, pernambucano, estaria saindo a meia-noite e poderia dar uma carona pra gente até o hotel, simples assim. Sem tirar nem por. E fomos. Apesar da resistência, aceitou um agrado ao nos deixar no hotel.

Isso é a dor e a alegria de ser o que somos. Quem não é nordestino? Ah, abra um sorriso e dê cá um abraço! Não temos ignorância de sermos todos do mesmo solo, seja ele escaldante ou resfriado pela latitude.

Observação: sei que tenho amigos em São Paulo que me “salvariam” sem hesitar, sem serem nordestinos. Absoluta certeza. Não foi o caso de incomodá-los.

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